Page 126 - Património Geomorfológico e Geoconservação
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ATAS / PROCEEDINGS I ENCONTRO LUSO-BRASILEIRO DE PATRIMÓNIO GEOMORFOLÓGICO E GEOCONSERVAÇÃO
Os vales possuem uma amplitude altimétrica elevada de 400m, propiciando
vertentes de altas declividades superiores a 40%. A maioria se constitui em canions
formados pelas falhas e fraturas da Formação Furnas e enxames de diques muitas vezes
preenchidos por diabásio que também controlam a rede de drenagem.
Estas feições localizam-se em propriedades agrícolas que cultivam soja, feijão,
milho nas vertentes mais suaves e em topos aplainados cujo limite de plantio se dá onde
os afloramentos rochosos são mais frequentes e o processo de pedogênese é diminuto.
De acordo com Código Florestal brasileiro de 25 de maio de 2012 os vales,
respeitadas as larguras das calhas dos leitos regulares, e ainda as vertentes com
declividades superiores a 45º, são Áreas de Preservação Permanentes que demandam
preservação de recursos hídricos, solo, flora e fauna e impedem o avanço das atividades
agrícolas presentes em grande parte da bacia.
Por si só, estas áreas merecem atenção especial por possuírem funções de
preservação e proteção ambiental e carecem de estratégias de intervenção no campo do
patrimônio geológico-geomorfológico devido a sua importância no contexto histórico-
cultural da região e as fragilidades perante as possibilidades de uso.
5. CONSIDERAÇÕES FINAIS
A bacia hidrográfica do São João é peculiar por estar localizada sobre área de
transição entre morfoesculturas guardando um patrimônio natural de grande relevância
natural e científica ainda mal aproveitado.
A interpretação dos lineamentos estruturais sugere um número considerável de
vales retilíneos que muitas vezes se configuram em canions importantes para a
compreensão da paisagem atual e pretérita, demonstrando a história geológica da região.
Estes locais estão em propriedades privadas praticantes da agricultura e ainda
com seus valores turísticos e científicos depreciados. Ainda que sejam visitados por
turistas de aventura e desperte o interesse de instituições voltadas ao ensino e pesquisa,
não existe infraestrutura que comporte atividades turísticas apesar da vocação.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
EVANGELISTA-PINTO V. K, TRAVASSOS L. E. P. (2013) – “Inventariação, caracterização e
proposta de valorização do patrimônio geomorfológico do parque estadual do
ISBN: 978-989-96462-5-4 116