Page 86 - Património Geomorfológico e Geoconservação
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ATAS / PROCEEDINGS I ENCONTRO LUSO-BRASILEIRO DE PATRIMÓNIO GEOMORFOLÓGICO E GEOCONSERVAÇÃO
2. ENQUADRAMENTO TEÓRICO
A partir da segunda metade do século XX, quando a atividade turística passou a
ser ultravalorizada pela sociedade, seja pela facilidade dos deslocamentos, seja pela
melhoria na qualidade dos direitos trabalhistas (férias remuneradas, ampliação do tempo
livre e outros), os destinos de viagens estavam em sua maioria voltadas ao turismo de
“sol e praia”. Inclusive, antes mesmo de a atividade deixar de ser privilégio das elites, o
destino balneário era o preferido para as viagens.
O clima tropical do Brasil favoreceu o desenvolvimento acelerado do turismo,
porém sem planejamento por todo o litoral, a partir de lógicas massificadas de consumo.
Ainda hoje, o turismo de sol e praia é o mais destacado e de maior apelo midiático no
país. Contudo, o perfil do turista (e por conseguinte do turismo) tem-se transformado
nos últimos anos e outros motivos tem levado as pessoas a se deslocarem em busca de
outros atrativos, outras ofertas e, assim, de novas experiências menos massificadas.
Um dos motivos é o fato de os turistas estarem mais esclarecidos e exigentes em
relação ao meio ambiente. SIMÕES (2009) traz o termo “turismo de nicho” associado à
tendência de surgimento e/ou consolidação de destinos desmassificados, com oferta de
valores flexíveis e de caráter interdisciplinar, ou seja, que agregue além do prazer da
viagem, conhecimento e experiências culturais, mas que não se restrinja apenas a
apreciação da paisagem. Esta nova oferta destina-se inclusive a grupos específicos, que
possuam objetivo comum na viagem (ufólogos, grupos de estudo, terceira idade,
viagens pedagógicas, entre outras).
Podemos desta forma, relacionar o geoturismo à vertente do “turismo de nicho”.
Segundo GATES (2008:157) “geoturismo é um novo termo para uma idéia relativamente
antiga e, como tal, apresenta definições conflitantes”.
Discutiu-se anteriormente que o geoturismo é um segmento que, embora novo,
encontra-se em ascensão no Brasil e no Mundo. Aparentemente, a prática do geoturismo
em si, é bem mais antiga que sua compreensão e descrição acadêmica. Da forma como é
entendido na contemporaneidade, ele surgiu no início da década de 1990 na Europa a
partir das ações da ProGEO (Associação Europeia para a Conservação do Patrimônio
Geológico) e mais tarde, em 1996, ganhou institucionalidade mais ampla com o
surgimento dos geoparques, promovidos em associação com a UNESCO (Organização
das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura). No Brasil, as primeiras
ISBN: 978-989-96462-5-4 76