Page 144 - Património Geomorfológico e Geoconservação
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ATAS / PROCEEDINGS I ENCONTRO LUSO-BRASILEIRO DE PATRIMÓNIO GEOMORFOLÓGICO E GEOCONSERVAÇÃO
Discute-se a
ocorrência de blocos que
atingem 2 m de diâmetro, de
arenito silicioso e rocha
básica (dolerito), localizados
na base de uma unidade que
ocupa posição culminante no
enchimento sedimentar e que
ocorrem a leste de Leiria
(Fig.1). Salienta-se o seu
valor científico e estima-se a
sua vulnerabilidade,
mostrando a necessidade de
serem integrados numa
estratégia de geoconservação.
CHOFFAT (1900)
classificou-os como “Blocos
Figura 1 – Localização da área de estudo. erráticos” e atribuiu-lhes
SBV – Serra da Boa Viagem, MS – Maciço de Sicó transporte flúvio-glaciar,
MCE – Maciço Calcário Estremenho
associando-os à formação dos
depósitos glaciares da Serra da Estrela. LAUTENSACH (1932), não se mostrou de acordo
com esta hipótese, argumentando que para isso deveria haver outros indícios dessa
génese. CARVALHO (1949, 1951) observa estes blocos, admitindo-os transportados em
regime torrencial e derivados da erosão de níveis sedimentares silicificados do “Grés do
Buçaco” (depois definidos como Grupo do Buçaco por REIS e CUNHA, 1989). SOUTO
(1950) apresenta no trabalho “Blocos erráticos na Mesopotâmia da Beira-Mar” uma
síntese dos trabalhos anteriores e faz a descrição dos locais de ocorrência de blocos na
região de Aveiro; considera-os originados a partir do “Grés do Buçaco” e transportados
por “gelos flutuantes”. TEIXEIRA (1952) admite a formação destes blocos “relacionada
com ações erosivas de grande intensidade” na “transgressão do Pliocénio final”. SOARES
et al., (1982) interpretam a presença dos blocos “pseudo-erráticos” como resultado do
ISBN: 978-989-96462-5-4 134