Page 182 - Património Geomorfológico e Geoconservação
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ATAS / PROCEEDINGS I ENCONTRO LUSO-BRASILEIRO DE PATRIMÓNIO GEOMORFOLÓGICO E GEOCONSERVAÇÃO
São várias as limitações que este tipo de cache impõe, nomeadamente a sua
linguagem técnica que pode causar desinteresse sobre o que quer que pretendam
ensinar. Para além do carácter científico destas caches cujo conteúdo nem sempre é
acessível a leigos, outro constrangimento prende-se com o seu caracter imaterial (não
existe uma cache física). Assim, ou se tem algum conhecimento geológico ou
geomorfológico e se usa o que está disponível no local, ou então, os geocachers não
conseguem resolver o enigma da cache no local e, terão que em casa, para poderem
registar a cache na plataforma online, responder a questionários muito específicos que
obrigam a explorar o tema por outras vias (e não apenas no texto que acompanha a
earthcache na página do geocaching.com). Estes aspetos levam a que o conceito de
Earthcache venha perdendo o interesse.
Mais uma vez, associado a esta questão da perda de interesse pela sua
especificidade, muitas vezes o que motiva a procura destas caches resulta do simples
facto da lógica inerente ao jogo de somar mais uma cache encontrada para registar na
sua conta pessoal. Todavia, embora alguns dos geocachers não saibam ler as
especificidades da litologia, da tectónica, da paleontologia, ou outras…, acabam por
fruir, explorar e contemplar as formas de relevo, as particularidades naturais desses
lugares, pelo que será bastante interessante associar a criação de Earthcaches em áreas
onde já existam Geoparques com os seus geossítios classificados.
Numa tentativa de resposta à questão de partida, podemos afirmar que a
distribuição geográfica das caches acaba por redefinir permeabilidades de fluxos a
locais que muitas vezes se encontravam esquecidos ou desvalorizados, reconstituindo as
suas espacialidades.
Muitos são os desafios que atualmente se colocam ao futuro do Geocaching. A
sua sobrevivência altamente dependente do secretismo e de um “jogo de invisibilidade”
(FERNANDES, 2012:14) aos olhos da sociedade, uma vez perdida pode comprometer a
continuidade e a magia do jogo.
A agremiação do Geocaching assume-se como uma espécie de tribo que se rege
por princípios e condutas específicos e comuns, fortemente ligados às questões
ambientais, incutindo boas práticas de sustentabilidade que, muitas vezes, os
geocachers já trazem da sua formação pessoal (ALVES e TELES, 2012).
ISBN: 978-989-96462-5-4 172