Page 50 - Património Geomorfológico e Geoconservação

ATAS / PROCEEDINGS I ENCONTRO LUSO-BRASILEIRO DE PATRIMÓNIO GEOMORFOLÓGICO E GEOCONSERVAÇÃO

É inevitável a conclusão de que a inventariação de apenas 20 geossítios para um
geoparque com mais de cinco mil quilômetros quadrados e grande geodiversidade,

demonstra-se absolutamente insuficiente e não reflete o real potencial de atração
geoturística deste território. Os próprios autores do inventário reconhecem, por

exemplo, que “(...) atrativos geoturísticos, tais como cachoeiras e cascatas não foram

classificadas como geossítios” (GODOY et al, 2012b: 489), e isso devido “(...) o grau de
subjetividade para avaliar estes locais e o grande número existente destes atrativos na

região” (Idem).

b) Quanto ao vínculo do patrimônio geológico com a cultura local

Ambas as propostas de geoparques situam-se em territórios com ricas paisagens

culturais, bastante vinculadas à geodiversidade local. No caso da Quarta Colônia, as
rochas vulcânicas marcaram nitidamente o padrão original da arquitetura italiana (fig.

3), não só pela abundância deste material, como pela sua solidez e capacidade de
regulação térmica nas áreas de armazenamento de vinho.

Figura 3- Na foto da esquerda, casa italiana tradicional no território do geoparque Quarta Colônia
(município de Faxinal do Soturno), demonstrando o uso da geodiversidade local na construção das
moradias. Na foto da direita, tradicional cerca de pedra no entorno da área do geoparque Caminhos dos
Cânions do Sul (município de São José dos Ausentes), demonstrando a ligação da pecuária tradicional da
região com a sua geodiversidade.
Fonte: Acervo particular do primeiro autor

No caso do território do geoparque Caminhos dos Cânions do Sul, nas áreas dos

chamados “campos de cima da serra”, as rochas vulcânicas foram utilizadas durante
muito tempo como um substituto da madeira, especialmente na construção de cercas e

ISBN: 978-989-96462-5-4 40