Page 70 - Património Geomorfológico e Geoconservação
P. 70
ATAS / PROCEEDINGS I ENCONTRO LUSO-BRASILEIRO DE PATRIMÓNIO GEOMORFOLÓGICO E GEOCONSERVAÇÃO
Espanhol, no Pedrógão (Torres Novas), o Miradouro de Santa Marta em Vila Moreira
(Alcanena) e o Miradouro da Guarita, em Abrã (Santarém), como alguns dos locais
onde este acidente tectónico pode ser observado no seu conjunto e com maior
espetacularidade, e donde facilmente se compreende a transição entre as duas grandes
unidades morfoestruturais - a Orla Mesozenozóica e a Bacia Terciária do Tejo.
Por fim, os Arrifes compreendem também um importante património cultural, de
que se salienta a presença do 3º maior aglomerado de moinhos de vento de Portugal,
conhecidos como os Moinhos da Pena, e um rico património arqueológico decorrente da
existência de um vasto conjunto de jazidas arqueológicas em grutas, em abrigos
rochosos na escarpa e em estações de superfície no topo e na base deste acidente, cujos
artefactos encontrados atestam uma forte ocupação desta região pelo Ser Humano pré-
histórico (CARVALHO, 2003; MARTINS, 2012). ZILHÃO (2013) considera mesmo que o
sistema cársico da Nascente do Almonda (Gruta da Oliveira) é, à escala da Península
Ibérica, um caso único em termos arqueológicos e uma referência para o estudo
Paleolítico Médio, com achados de relevância nacional e até mesmo internacional.
4. CONSIDERAÇÕES FINAIS
A escarpa dos Arrifes constitui uma importante parte do património
geomorfológico português, não só pelo facto de representar parte da faixa de transição
entre a Orla Mesocenozóica Ocidental e a Bacia Terciária do Tejo, mas sobretudo pela
sua dimensão e pela diversidade e qualidade de elementos de inegável valor patrimonial
que sustenta. As suas características sus generis legitimam a sua importância na lista do
geopatrimónio nacional, e os locais de inegável valor científico são dignos de serem
preservados e “utilizados” no desenvolvimento de atividades didático-pedagógicas, de
educação ambiental e/ou recreativas.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
CARVALHO, A. F. (2003) – “O Neolítico antigo no Arrife da Serra d’Aire. Um case study da
neolitização da Média e Alta Estremadura”, In GONÇALVES, V. S., (Edit.). – Muita gente,
poucas antas? Origens, espaços e contextos do Megalitismo. II Colóquio Internacional
sobre Megalitismo, Instituto Português de Arqueologia (Trabalhos de Arqueologia; 25),
Lisboa, pp. 135-154.
ISBN: 978-989-96462-5-4 60