Page 151 - Património Geomorfológico e Geoconservação
P. 151
ATAS / PROCEEDINGS I ENCONTRO LUSO-BRASILEIRO DE PATRIMÓNIO GEOMORFOLÓGICO E GEOCONSERVAÇÃO
fonte de educação e de progresso social. Os saberes relacionados com as Ciências
Naturais, em geral, e com as Geociências, em particular, não constituíram exceção,
tornando-se numa das traves-mestras das novas escolas de Ciência e Tecnologia. Como
consequência deste movimento renovador, as formas, materiais e processos
modeladores da Terra passaram a suscitar muita curiosidade e sentimentos de
aprendizagem, por parte de profissionais de outras áreas e pelo público em geral.
Com a construção de uma rede de novas vias de comunicação inter-regionais,
cofinanciada por fundos comunitários, a partir da década de 80, assistiu-se também a
uma facilidade muito maior em viajar individualmente, da qual resultou a generalização
de visitas de estudo ou turístico-lúdicas a muitos locais com ambiências ou cenários
naturais que antes eram apenas conhecidos por habitantes locais.
A valorização do Ambiente, fomentada por diversas instituições nacionais e
internacionais e por sucessivas diretivas comunitárias, foi também fundamental para o
estudo, classificação e implementação de medidas no sentido de preservar o património
natural, no qual se inclui o património geológico e geomorfológico. Para tal, tornou-se
necessária uma consciencialização progressiva das populações e dos órgãos de poder
local, consumada mediante intervenções educativas e estudos científicos descritivos,
sendo estes últimos fundamentais para a seleção e caracterização de geossítios e de
áreas protegidas.
Neste âmbito, o presente estudo pretende constituir um contributo para a
valorização patrimonial de vários destes locais de interesse geomorfológico (LIGs),
todos situados ao longo do vale do rio Ceira, a jusante de Vila Nova do Ceira e do
Cabril, nas regiões de Coimbra e da Lousã, Portugal Central, promovendo a sua
importância científica e educativa.
2. CONTEXTO GEOMORFOLÓGICO E GEOLÓGICO
O rio Ceira é um dos principais tributários do rio Mondego e uma área
significativa da sua sub-bacia hidrográfica drena o extremo sudoeste da Plataforma do
Mondego (FERREIRA, 1978; CUNHA, 2000), incluindo a sua transição para a bacia e
serra da Lousã. No seu percurso, através do interior do Distrito de Coimbra, atravessa
sucessivamente os concelhos de Arganil, Góis, Lousã, Miranda do Corvo e Pampilhosa
de Serra, confluindo com o rio Mondego quando este inicia o seu percurso através da
ISBN: 978-989-96462-5-4 141