Page 25 - Património Geomorfológico e Geoconservação
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ATAS / PROCEEDINGS I ENCONTRO LUSO-BRASILEIRO DE PATRIMÓNIO GEOMORFOLÓGICO E GEOCONSERVAÇÃO




3. PONTO DE OBSERVAÇÃO E DEFESA DO TERRITÓRIO

Ao longo dos séculos XVII e XVIII, a colonização do sul do Brasil foi marcada
por muita disputa entre os reinos de Espanha e Portugal. Os campos sulinos,

especialmente na região do pampa gaúcho, eram estratégicos para a criação de gado,

atividade essencial no período colonial. Os tratados de Madri (1750) e Santo Ildefonso
(1777) transformaram as fronteiras, promovendo distintas fases de povoamento e

repetidos conflitos militares. Caçapava do Sul e seu entorno, com relevo destacado,
sempre forneceu excelentes pontos de observação do território, demarcação e defesa das

fronteiras.



















Figura 1 – Paisagem do Cerro do Perau, próximo à área urbana de Caçapava do Sul, formado por
granitos muito ácidos, sem minerais ferromagnesianos, num dos locais que podem ter levado os
guaranis a designarem a região como “kaassapava”, a “clareira na mata” (acervo pessoal do
primeiro autor).


Em Caçapava do Sul, na região da Guarda Velha, há um marco (comemorativo,

não original, Fig. 2, à esquerda) alusivo ao tratado de Santo Ildefonso. Além disso, a
área onde se encontra a zona urbana, com 450 metros de altitude, nasceu de um

importante acampamento militar português. Já no século XIX, após a independência do
Brasil, os conflitos militares continuaram a se suceder. Em meio a esses conflitos,

fundou-se a capela de Nossa Senhora da Assumpção de Caçapava, em 1800, elevada a
vila em 1831, uma das mais antigas cidades do Rio Grande do Sul. Por ser,

teoricamente, facilmente defensável, foi capital (1839 a 1840) da efêmera República

Riograndense. Posteriormente, já na Guerra do Paraguai (1865), por sua posição
estratégica, Caçapava do Sul recebeu o projeto e a construção de uma fortificação, feita

com blocos de granito: o Forte Dom Pedro II (Fig. 2, direita), a única fortaleza
preservada (ainda que nunca efetivamente utilizada em conflitos armados) em território




ISBN: 978-989-96462-5-4 15

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