Page 27 - Património Geomorfológico e Geoconservação
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ATAS / PROCEEDINGS I ENCONTRO LUSO-BRASILEIRO DE PATRIMÓNIO GEOMORFOLÓGICO E GEOCONSERVAÇÃO




contra uma média estadual de 5%. Deste total, 72% se declaram “sem instrução ou
apenas com Ensino Fundamental incompleto”, o que demonstra o descaso histórico do

Estado com esta população e a necessidade de políticas públicas de inclusão, além de
valorização da contribuição cultural desse povo para o município.


























Figura 3 – À esquerda, o Rincão do Inferno, nos limites do município de Caçapava do Sul, onde o
rio Camaquã corta um maciço de conglomerados muito litificados através de uma falha geológica,
região onde se encontra um importante remanescente quilombola (fonte:
panoramalavrense.com.br). À direita, reprodução do óleo sobre tela “Cabeça de lanceiro negro”, de
Vasco Machado.



5. UM CHIMANGO NASCIDO “NOS CERROS DE CAÇAPAVA”

Por fim, destaca-se a ligação entre a geodiversidade de Caçapava do Sul e a

cultura regional por meio uma passagem breve, mas significativa, da literatura gaúcha.

A obra em apreço é “Antonio Chimango – poemeto campestre”, publicado em 1915, de
autoria de Amaro Juvenal, pseudônimo do médico e político Ramiro Barcelos (1851-

1916). O personagem-título, “Antônio Chimango”, é uma alusão à postura de “ave de
rapina” do então governador Antônio Augusto Borges de Medeiros (1863-1961), natural

de Caçapava do Sul. O chimango (Milvago chimango) é um falconídeo típico dos
campos do sul do Brasil, e essa referência fica evidente na capa da segunda edição do

poemeto (Fig. 4, ao centro).

O aspecto que se destaca, para efeitos deste trabalho, encontra-se nas estrofes 10,
11 e 12, que são transcritas abaixo. A singularidade do poemeto também reside na

utilização de uma linguagem oral, popular e gauchesca:





ISBN: 978-989-96462-5-4 17

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