Page 31 - Património Geomorfológico e Geoconservação
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ATAS / PROCEEDINGS I ENCONTRO LUSO-BRASILEIRO DE PATRIMÓNIO GEOMORFOLÓGICO E GEOCONSERVAÇÃO




biótico/abióticos despertam o imaginário dos que ali vivem, convivem ou de quem
raramente os visitam. Este início do século XXI tem sido marcado, neste sentido, pelas

múltiplas ações voltadas à gestão ambiental, especialmente aquelas voltadas aos
aspectos da geodiversidade e geopatrimônio. Sítios ou paisagens que, por serem

excepcionais, grandiosos, raros, com originalidade de formas, feições e ou morfogênese,

detêm certo valor turístico, científico ou cultural. Segundo sua tipicidade, abrangência,
divulgação e ou reconhecimento podem alcançar status de patrimônio natural-cultural à

escala “da humanidade”.
Ainda longe desta posição máxima, a região fitogeográfica dos Campos Gerais

do Paraná (MAACK, 1968) situada na borda oriental da Bacia Sedimentar do Paraná,
encerra uma coleção de formas e feições singulares, decorrentes da complexa

combinação temporal, tectônica, litoestrutural e bioclimática que caracterizam esta

porção do Brasil meridional. Associada às questões morfogênicas a região dos Campos
Gerais (Fig. 1) foi, durante os séculos XVIII e XIX, o caminho de passagem para o

ciclo do tropeirismo, cujos muares vindos do extremo sul - Rio Grande do Sul -

dirigiam-se ao mercado paulista, em Sorocaba, de onde seguiam para o caminho do
ouro das minas gerais (HOLANDA, 1995).

No Paraná, os tropeiros cruzavam por aclives/declives do Segundo Planalto
Paranaense, deslocando-se entre cavernas, depressões e as singulares feições

ruiniformes dos arenitos Furnas e Vila Velha. Descansavam em lugares onde fossem
fartas a sombra, a água e as pastagens; as ‘pousadas’ situadas ou nas planícies e várzeas

dos rios, ou nos ‘altos’ das colinas, onde surgiam povoados, hoje cidades, como Castro,

Ponta Grossa.
Por sua singularidade geológica, morfológica e biogeográfica - onde se associam

Mata dos Pinhais, os Campos com fragmentos de Cerrado- esta paisagem tem sido
objeto de estudo, de levantamento, identificação e classificação de suas formas/feições;

do entendimento da morfogénese das rochas do grupo Paraná e Itararé. Destacam-se os
trabalhos do Grupo Universitário de Espeleologia - GUPE, principalmente jovens

geógrafos, em conjunto com pesquisadores do Departamento de Geociências da

Universidade Estadual de Ponta Grossa - UEPG, realizando o inventário espeleológico
regional e estudo da morfogênese do carste em arenito, assunto com certa polêmica,








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ISBN: 978-989-96462-5-4
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