Page 34 - Património Geomorfológico e Geoconservação
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ATAS / PROCEEDINGS I ENCONTRO LUSO-BRASILEIRO DE PATRIMÓNIO GEOMORFOLÓGICO E GEOCONSERVAÇÃO




encerra importante atributo cultural ligado à história particular dos Tropeiros dos
séculos XVIII e XIX.



3. CARSTE ARENÍTICO & ROTA DOS TROPEIROS NOS CAMPOS GERAIS


Parte-se do pressuposto que relevo cárstico é aquele que resulta do processo de
dissolução do material de origem, independente qual seja sua classificação petrográfica.

HARDT e PINTO (2009) defendem que “o carste é um tipo de paisagem onde o

intemperismo químico, através da dissolução da rocha encaixante, determina as formas
de relevo”. Partilham a ideia de carstificação em rochas não-carbonáticas com outros

pesquisadores como: CHALCRAFT e PYE (1984); YOUNG (1986); FORD e WILLIAMS

(1989); DOERR (1999); KLIMCHOUCK e FORD (2000); WILLEMS (2001), que estudam o
carste em quartzito, granito e arenito (HARDT e PINTO, 2009).

Importando essa concepção de carste não-carbonático os pesquisadores do GUPE
e da UEPG vem realizando, mais ativamente nos últimos 10 anos, um inventário sobre

as formas/feições relacionadas, especialmente, as Formações Furnas, Grupo Paraná,
Vila Velha e Grupo Itararé, em alguns dos 22 municípios da região fitogeográfica dos

Campos Gerais, dos quais 16 fazem parte da Rota dos Tropeiros (Figura 1). Destacam-

se os trabalhos assinados por MELO e GIANINNI (2007), PONTES et al., (2011);
MASSUQUETO (2010), MELO et al., (2011) dentre outros tantos.

A paisagem cárstica dos Campos Gerais resulta do longo processo tecto-
morfogênico sobre rochas sedimentares do Grupo Paraná e Itararé. Em especial, trata-se

aqui da Formação Furnas, sotoposta em discordância erosiva ao embasamento Pré-
cambriano/Eopaleozóico- constituído pelo complexo Granítico Cunhaporanga. De idade

Siluro-Devoniana ou Supersequência Paraná, a Formação Furnas tem um caráter

geométrico tabular, empilhando arenitos e conglomerados síltico-arenosos, cimentados
por caulinita e ilita, depositados em ambientes fluviais, transicionais marinhos (ZALÁN

et al., 1987; SOARES, 1991; BERGAMASCHI, 1999; ASSINE 1996: in MINEROPAR,

2007:21).
Estas propriedades e características, combinadas à influência do Arco de Ponta

Grossa e às condições bioclimáticas com abundancia de água, foram determinantes a
uma morfopedogênse comandada pela dissolução e erosão hídrica.






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ISBN: 978-989-96462-5-4
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