Page 132 - Património Geomorfológico e Geoconservação
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ATAS / PROCEEDINGS I ENCONTRO LUSO-BRASILEIRO DE PATRIMÓNIO GEOMORFOLÓGICO E GEOCONSERVAÇÃO
chuvas, contribuindo para a progressiva evolução da alteração. A saída de água destas
pias faz acentuar a degradação destas morfologias, estabelecendo-se por vezes
comunicação entre várias pias. No seu interior, existem fundamentalmente grãos de
quartzo resultantes do processo de alteração. Também se encontram, sobre estas
superfícies graníticas, caneluras que se desenvolveram por alteração do granito,
claramente marcadas pela presença de linhas de fratura; 6) Cântaro Magro e Rua dos
Mercadores, enorme cabeço com uma altitude de 1 928 m, individualizado pela ação de
diversos agentes erosivos, entre os quais o glaciar, e pela densa rede de fraturas que
caraterizam este maciço.
A B C
A
Figura 2 - Representações pictóricas de geomorphosites emblemáticos da Serra da Estrela: A -
Cântaro Magro; B - vale em U do rio Zêzere; e C - Poço do Inferno.
Do miradouro do Cântaro Magro observa-se o Covão Cimeiro onde nasce o rio
Zêzere. Este covão, de paredes abruptas, corresponde a um circo glaciar, distinguindo-
se o seu fundo côncavo limitado a jusante por uma barreira rochosa, ou seja, observa-se
o seu ombilic e o seu verrou. A massa de gelo teria, neste local, mais de 300 m de
espessura e deslocar-se-ia para Este, na direção do Covão d’Ametade, infletindo depois
a sua direção para NE, através do vale do Zêzere até Manteigas. Do miradouro observa-
se, ainda, a Rua dos Mercadores, na base do Cântaro Magro, na vertente Sul. Esta
corresponde a uma fratura preenchida por um filão de dolerito com direção N80ºE que
se identifica, facilmente, pelas suas paredes verticais resultantes da alteração
diferenciada da rocha básica. Do lado oposto da estrada, observam-se, em diferentes
locais, aspetos designados por pseudoestratificação, reflexo da densa fracturação sub-
horizontal. Subindo do miradouro, pela estrada, da ponte sobre a Rua dos Mercadores,
ISBN: 978-989-96462-5-4 122