Page 133 - Património Geomorfológico e Geoconservação
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ATAS / PROCEEDINGS I ENCONTRO LUSO-BRASILEIRO DE PATRIMÓNIO GEOMORFOLÓGICO E GEOCONSERVAÇÃO





observa-se no Cântaro Magro dois sistemas de fraturas desde a sua base até um pouco
mais acima do meio. Nas zonas mais elevadas sobressai um domínio de uma fracturação

sub-horizontal; 7) Senhora da Estrela, onde se podem observar formas curiosas,
localmente conhecidas por queijeiras, bastante expressivas no granito com fracturação

vertical e horizontal que se encontra a condicionar a sua origem. Também são visíveis

formas em pedestal que terão resultado de processos semelhantes, mas em que a
degradação do granito foi mais acentuada na base destas formas. Em diferentes locais,

observam-se aspetos de esfoliação, cuja génese, atribuída geralmente a ações da
geodinâmica externa sobre os constituintes da rocha, terá sido facilitada pelo

cisalhamento do granito associado à fracturação dos blocos segundo direções
privilegiadas. 8) Nave de Santo António, superfície aplanada entre os vales do rio

Zêzere e da ribeira de Alforfa foi uma lagoa glaciar, atualmente assoreada e colonizada

por um cervunal com inúmeros blocos de moreias. Na parte norte da Nave, encontra-se
a crista da moreia lateral do vale glaciar do Zêzere e, a sul, a crista da moreia lateral do

vale glaciar de Alforfa. Das moreias vislumbram-se os dois vales com perfis

transversais em U, sobressaindo também o seu traçado retilíneo face ao condicionalismo
tectónico. Como é caraterístico dos depósitos glaciares, o seu aspeto é caótico e mal

calibrado. Blocos de dimensões variáveis encontram-se envolvidos por uma matriz de
areias com tamanhos diversos e também frações de siltes. A maioria dos blocos

apresenta arestas arredondadas e superfícies polidas. As arestas mais vivas associam-se
aos fragmentos com tamanhos entre 4 e 15 cm de comprimento. As caraterísticas dos

clastos das moreias refletem uma origem na destruição, pelos glaciares, dos antigos

perfis de alteração granítica. A Norte da Nave, encontra-se um bloco errático, com cerca
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de 150 m , conhecido por Poio do Judeu. A sul, na vertente Oriental do vale da Ribeira
de Alforfa, observam-se marcas de ravinamento, depósitos e cones de vertente. Os
blocos sub-angulosos, de granito de grão médio a fino, terão tido origem em processos

de crioclastia. 9) Poço do Inferno, em que a alteração brusca na natureza litológica do
leito, passando de rochas graníticas a corneanas, e a existência de vários sistemas de

fraturas terá originado uma queda de água com 10 m e a uma marmita de grandes

dimensões. A Ribeira de Leandres prossegue o seu trajeto ao longo da linha de contacto,
desenhando sucessivas marmitas. No leito da ribeira, observa-se que o contacto se faz,

em alguns locais, por passagem gradual e noutros através de uma fratura subvertical




ISBN: 978-989-96462-5-4 123

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